Cigarro, uísque e mulheres

  • TEXTOS QUE NÃO SE ENCONTRAM TODOS OS DIAS:


Cigarro, uísque e mulheres

Por FábioE§¢orpïão http://ocolecionadordehistorias.blogspot.com






Sim, o homem mais velho do mundo morreu!
Sua receita de longevidade era “cigarro, birita e mulher”.



Eu gostaria MUITO de saber, o que têm a dizer sobre isso, os escoteiros ativistas do modelo de vida politicamente correto, pautado por “bons hábitos”. Queria saber o que dizem sobre isso os chatinhos histéricos da onda anti-tabagismo.



Provavelmente vai aparecer alguém para dizer:



- Ta vendo? Morreu! Se não fumasse, teria vivido mais!



(Hã?)



Fumar faz mal?
Potencialmente, sim – assim como outros tantos hábitos de consumo podem, potencialmente, propiciar o desenvolvimento de moléstias de todos os tipos.



Carne vermelha, gorduras, lactose, bebidas alcoólicas, vegetais com agrotóxicos, ar condicionado, exposição ao sol: tudo isso pode gerar doenças e, como última conseqüência, matar.



Numa grande cidade, respirar pode ser um grande risco.



E, se estamos falando de “risco de morte”, a primeira coisa que deveria ser proibida pelos sentinelas da longevidade alheia, seriam os esportes radicais! Sim! Pára-quedas, body jump, jet sky, skate, bicicross, asa delta: tudo isso é extremamente perigoso – alguém nega? O sujeito, na flor da juventude, pode dar com os cornos no chão e morrer. Ou, numa hipótese otimista, passar o resto da vida numa cadeira de rodas.









No entanto, eu não vejo nem sinal de proibição para a realização dessas atividades, nem “ONGs” se mobilizando para banir essas práticas abomináveis e perigosas da sociedade moderna. Também não vejo o médico pop oficial do Brasil, na TV, alertando contra o risco dessas coisas. Pelo contrário: a prática desses esportes é associada à uma vida saudável, arrojada. São coisas glamourizadas pelo senso comum. Como, aliás, o hábito de fumar também já o foi, num passado nem tão remoto.



Aliás, por falar no honorável doutor, o médico pop ... Já repararam que esse senhor parece onipresente? Você liga a TV, ele está lá. Liga o rádio, ele está lá. Nos jornais, revistas, portais de Internet: em todo canto uma coluna dele, repreendendo algum hábito, alertando sobre o risco de alguma coisa, “anunciando” uma nova doença. Eu tenho pesadelos com ele! Parece uma assombração, sempre à espreita para me dizer que eu estou prestes a pegar alguma bereba ou contrair uma nova desgraça. Eu tenho a sensação de que um dia desses, vou abrir a geladeira e ele vai estar lá dentro, fazendo discurso contra o consumo de algo que eu gosto de comer. Ou que eu vou abrir a porta do guarda roupa e ele vai sair de dentro de uma gaveta, mandando eu me agasalhar porque está frio e eu posso me resfriar! Credo, parece um padre de cidade pequena, espiando pra ver se o povo não comete pecado!









Fato é – perceba quem quiser, quem puder – que nos tempos atuais, pelo menos entre nós, ocidentais, a moderna medicina ocupou o lugar que já foi da IGREJA. As pessoas acatam o que os médicos dizem como fossem mesmo “dogmas”. Quem vai discutir um conselho médico? A imposição acontece de forma idêntica ao que a igreja católica fez durante séculos: se você segue suas vontades, será castigado – não com o "inferno", mas com doenças! Sempre o estão “castigando” por aquilo que você faz. E, também como sempre houve na religião, há os beatos fanáticos, sempre prontos para "excomungar" quem ousa levantar a voz contra os preceitos "absolutos". Só que, ao invés de uma Bíblia, normalmente eles trazem debaixo do braço uma pilha de estatísticas. E, em vez de se reunirem em grupos de evangelização, o fazem em ONGs – que têm como finalidade aborrecer quem com eles não compactue, até que os consigam convencer.

Os políticos, raposas espertas, "captam" o movimento e criam suas leis, restritivas, punitivas – fazem com que alguns acreditem que estão preocupados com a "saúde pública", mas na verdade só estão interessados num "emblema" para pendurarem no peito na próxima campanha eleitoral.



Nas últimas duas décadas, os arquitetos do bom comportamento elegeram o inimigo público número um: o cigarro, como todo mundo sabe. Ao hábito – milenar – de fumar, associaram toda a sorte de misérias, da impotência ao câncer, da perda de dentes à queda de cabelo, sempre baseados em pesquisas tidas como conclusivas e de valor absoluto. Deflagrou-se uma sistemática perseguição, que beira a histeria e que parece não ter mais limites. Os inquisidores da fumacinha alheia parece que só vão dar-se por satisfeitos no dia em que o último dos fumantes for queimado em praça pública. Decretou-se que fumantes são feios, sujos, malvados, vilões da saúde pública, mal educados, deselegantes, fedorentos, pecaminosos, além do “óbvio”: envelhecem, adoecem e morrem mais cedo (revoguem-se todas as disposições em contrário, publique-se!).


Por oposição de idéias, deve-se concluir que os não-fumantes são, via de regra, muito mais legais e, mesmo na idade avançada, chegam mais inteiros, vigorosos, interessantes e sexys,


Em vista disso, eu quero propor uma enquete exclusivamente às meninas que freqüentam este site. Meninas, respondam.


Com qual dos três sessentões abaixo vocês avaliariam a possibilidade de passar uma noite?






José Serra


Drauzio Varela


Chico Buarque



Apenas a título de esclarecimento, José Serra, hipocondríaco notório, politiqueiro profissional, candidato à Presidência e atual governador de São Paulo, tem 67 anos; Dráuzio Varela, médico epidemiologista e onipresente astro pop do comportamento regrado, tem 66; Chico Buarque, compositor, escritor e fumante desde muito ante de compor A Banda, tem 65.





Paulo Autran era um fumante abusivo e inveterado. Dizem que fumava quatro maços por dia, o que significa oito vezes o que um fumante médio consome. Foi um dos maiores nomes da história dos palcos no Brasil e trabalhou incessantemente até pouco antes de morrer. Inteligente, ousado, criativo, inovador. Morreu de câncer de pulmão, sim: aos 86 anos (a expectativa média de vida na região Sudeste do Brasil é de 73,5 anos). Se não fosse uma chaminé, viveria mais tempo? Talvez. Mas, se assim fosse, será que não seria menos Paulo Autran?


Cigarro, bebida, comida, sexo: tudo PODE fazer mal - e matar. Muito mais ainda se for em excesso. Fato é que os organismos humanos não são todos iguais e o que pode deixar alguém muito doentinho, não causa quase nada a outra pessoa. Ou, se causar, vai ser lá mesmo pelo fim da vida, quando todas as defesas se enfraquecem naturalmente. O que os doutores-patrulheiros parecem não entender, é que as pessoas não são coisas matemáticas, não são estatísticas: e que TODOS – sim, todos! – morrem!



Mas há uma coisa que CERTAMENTE faz MUITO mal e leva, com ABSOLUTA CERTEZA, à morte precoce: INFELICIDADE!

A infelicidade, por exemplo, de ser privado do que lhe causa prazer, dos hábitos que cultua, do seu estilo de vida. Aquilo que faz você ser você, seja lá o que for. Tristeza, saudade, falta de motivação, sensação de inadequação ou de inutilidade, decepção, descrença, preguiça: isso, sim, mata. E mata de forma cruel e dolorida.



A idéia de se abdicar dos pequenos prazeres ou das grandes experiências, numa suposta “troca” por alguns miseráveis instantes a mais de vida, é de uma imbecilidade completa.






Feliz foi Henry Allingham.


Uma vida completa, intensa – a maior parte dela vivida longe desse patrulhamento insano – e ainda, como suprema glória, “brindado” por uma morte serena, durante o sono.


Cigarro, uísque e mulheres.

Ele era britânico, eu sou brasileiro. Troco o uísque por uma boa cachaça de alambique. E nem faço questão de chegar aos 113.




Só queria que os chatos parassem de me amolar.
E vivas à vida, enquanto ela tiver que durar, com todos os seus podres e deliciosos sabores. 




Boa leitura, bem escrito, bem crítico.....

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