Érico e seu dilema

Érico e seu dilema existêncial numa sexta-feira 13 muito etílico

Naquele banco, com a cabeça longe, nem percebera que aquele final de sexta era o final da sexta-feira 13. Sabia, ele, que tudo aquilo de má sorte era balela. No fundo, nunca sentira medo disto. Érico até achava graça da Sexta-Feira 13. Mas, na verdade, sabia que era tudo fruto da cultura em massa que os filmes americanos promovem. Para ele, esta data só combina na fase da lua cheia.


Embora tivesse tido um bom dia, Érico já nem olhava o seu horóscopo e tão pouco consultava a previsão do tempo, há duas semanas.  Então, esquecer aquela sexta-feira treze não era por menos. Já fazia algum tempo que ele andava meio perdido em suas divagações acerca de si mesmo. Tanto que, no meio da semana, ficou meio aluado, ao conversar, inusitadamente, com uma colega de sua sala. faltou-lhe palavras....


Naquele banco, já meio ébrio, sendo franco consigo mesmo, pensou: “Esse negócio de imaginar, a todo instante, estar sendo julgado e julgar a si e os outros, ao mesmo tempo, é, realmente, muito desgastante, para a minha mente e para o meu corpo”.  Porque acontece isso em mim?


Naquela altura, nem importava se continuasse sendo do mesmo jeito. A sua sensação de embriagues dizia que tudo poderia mudar, até mesmo nada. Então, por isso, não precisava ficar preocupado e nem podia desacreditar demais no futuro. Essa sensação de submissão ao destino deixava-o, de certo modo, angustiado.  Naquele instante de angústia, lembrava-se de seu colega de cachaça e amigo mental, dizendo: “O tempo é uma criação abstrata do homem. Por isso, não fique preso ao tempo. Por mais que seja importante lembrar e planejar, não se esqueça do o poder do agora. Afinal colhe-se amanha o que se plantou ontem. No caso, agora.”


Ao perceber que a todo instante este descompasso em Comunicação & Expressão versus julgamento precoce, fora sempre um dilema sério em sua vida, assimilou, rapidamente, em sua mente: “Os Fracassos do passado estarão sempre presentes em nosso agora.  Contudo, nada melhor do que tomar uma cana para pensar neles e superar os problemas”.


Érico nem ligava mais se o que estivesse pensando já fosse algo consumado da sua essência. No fundo, ele mesmo percebeu que se realmente fosse tão ruim, já estaria morto.


Naquele banco, com os olhos fechados, os punhos cerrados, Érico sentiu que estava na hora de tomar mais uma dose, acender o ‘cigarro’ e dialogar com a moçada. Por ironia do destino Érico ainda demonstrava um pouco de lucidez, mesmo após inúmeras garrafas de cerveja. Ele não só entendia porque precisava tanto daquilo para sentir-se bem, mas como entendia que tudo isso era necessário justamente para mostrar a si de como é fácil sentir a voz da sua mente. Vai ver, ele nem precise disso, mas são tantas forças obscuras que nem as bruxas dão conta de tanta má sorte na sexta-feira treze.

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